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04/11/2019

O que o Brasil ainda vende e compra da Venezuela em crise

A comparação do comércio entre os dois países em iguais períodos (janeiro a setembro) em 2018 e 2019, as trocas já caíram para quase a metade.

 

Hoje a Venezuela ainda é o 72º país do qual o Brasil mais importa e a 59º colocada nas nossas exportações.

 

Se antes o produto brasileiro mais comprado pela Venezuela era a carne, hoje é o arroz — alimento básico da cesta alimentar e muito mais barato para ser pago de forma antecipada. Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil vendeu US$ 61 milhões (R$ 243 milhões) em arroz para a Venezuela. De acordo com Ramos, a produção venezuelana cobre apenas 37% da demanda nacional.

 

"A gente exportava de tudo, desde carro e equipamento industrial a boi vivo, carne, frango, até papel higiênico", diz Barral, que é sócio da BMJ, consultoria especializada em comércio exterior. Ele que atuou diretamente na negociação de algumas empresas para as vendas para a Venezuela, e diz que companhias brasileiras chegaram a vender muitos alimentos para o próprio governo chavista.

 

Entretanto, o setor começou a se deparar com os problemas de pagamento.

 

"Nos últimos três anos, a crise piorou tanto que nem à vista a Venezuela paga, a não ser produtos básicos baratos, como é o caso do arroz. Por isso, agora ninguém vende mais sem ter pagamento antecipado. O risco de inadimplência é muito alto", explica o consultor.

 

No momento em que a Venezuela passou a ter problemas para pagar seus fornecedores, as empresas brasileiras tentaram receber da forma como era possível, seja importando algum outros produto em contrapartida ou até mesmo comprando imóveis. Algumas acabaram assumindo o prejuízo, outras direcionaram a produção focada no mercado venezuelano para consumo interno (como é o caso de alimentos) ou para o Oriente Médio (caso da carne e do boi vivo).

 

Sem conseguir comprar dólar para pagar pelos produtos que importa, venezuelanos chegaram a oferecer ouro, bitcoins e até mesmo a criptomoeda criada por Maduro, o "el petro". Com as sanções dos Estados Unidos ao governo chavista, até mesmo os bancos estão evitando fazer transações venezuelanas, o que também prejudica o pagamento.

 

Uma forma de burlar a pressão financeira tem sido, além do pagamento em paraísos fiscais, usar o sistema bancário russo e o chinês.

 

 Ele lembra também do impacto do comércio na fronteira de Roraima que, quando comparado com o total de importações e exportações entre os dois países, tem uma proporção mínima, mas teve influência direta na economia de Roraima e no fluxo de refugiados que entra em território brasileiro.

 

"Foi e continua a ser impressionante o volume de compras de gêneros alimentícios por parte dos venezuelanos, tanto os que hoje vivem no Brasil, mas que enviam produtos, remessas, às suas redes que ainda permanecem lá, assim como os venezuelanos que cruzam a fronteira para a obtenção de produtos, apesar da distância bem grande entre a região com os locais mais habitados da Venezuela." explica Welber Barral.(chefiou a secretaria de Comércio Exterior o extinto MDIC)
*Fonte: Época Negócios 

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